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Alusão Histórica
Revolta da Vacina
A Revolta da Vacina foi um motim popular que ocorreu entre 10 e 16 de novembro de 1904, cujas causas e consequências são vistas com cada vez mais interesse ao longo dos anos. A razão imediata desse movimento foi a lei instituindo a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola na então capital do Brasil, criada sob os auspícios de Oswaldo Cruz – médico sanitarista que havia recebido a difícil missão de afastar o Rio de Janeiro da pecha de “cidade da morte” que recaía sobre a cidade no exterior e conter o surto de diversas enfermidades, como a varíola, a febre amarela, a tuberculose, a leptospirose, entre outras.
Entretanto, não é possível compreender a Revolta da Vacina exclusivamente como uma recusa da população em ser imunizada. Fatores relacionados à exclusão social e à desconfiança da população pobre em relação ao Estado pesaram sobremaneira para a eclosão do motim. O Rio de Janeiro era uma cidade povoada por grande massa de negros recém-libertos da escravidão e pobres de todas as etnias e origens, que trabalhavam na região central da cidade e viviam em grandes cortiços – casarões antigos nos quais havia a divisão de quartos, de maneira precária, para abrigar o maior número possível de pessoas, com banheiros comuns e pouca preocupação com higiene e limpeza. Tais construções estiveram entre os primeiros alvos da política higienista aplicada por Rodrigues
Com os objetivos conjugados de conter o avanço das doenças e de aproximar a capital do país dos moldes europeus, visando a uma “Paris nos trópicos”, o poder público ordenou o “Bota-Abaixo”, política em que os cortiços foram destruídos e os seus moradores foram simplesmente expulsos de suas casas, sem nenhum amparo ou direcionamento. Esse processo forçou a massa trabalhadora a morar na periferia e se marginalizar, criando, por evidente, uma situação de animosidade entre uma população que já era alvo de preconceito e de atitudes descabidas e o Estado que arremetia contra o povo.
Quando a obrigatoriedade da vacina é instituída, os habitantes das zonas pobres desconfiam da validade dessa medida, cogitando, inclusive, que se trataria de uma forma de causar a doença e a morte da população pobre e negra. Vale ressaltar que nenhuma medida foi feita no sentido de informar e conscientizar a sociedade com relação ao significado e à importância da medida, havendo, ao contrário, um movimento autoritário de imunização. Começam, então, protestos de pequeno porte que, reprimidos com prisão e violência, desencadearam a generalização dos conflitos, que tiveram a depredação de espaços públicos e ataques a delegacias e quartéis, demonstrando que se tratava, sobretudo, de uma manifestação contra os aparatos de repressão do Estado.
A complexidade da Revolta da Vacina e sua relação com o Bota-Abaixo, com a violência do Estado e com a marginalização da população pobre permite que tal evento seja citado em diversos âmbitos. Indiretamente, ela pode ser mobilizada para discutir manifestações populares, repressão indevida e marginalização da população pobre; mais diretamente, pode-se citar a Revolta da Vacina para discutir o negacionismo ou a própria imunização.
Exemplo:
No ano de 1904, ocorreu uma rebelião no Rio de Janeiro que ficou conhecida como Revolta da Vacina, a qual foi motivada pela imposição da vacinação obrigatória à população, sem que houvesse qualquer campanha de conscientização e informação sobre a importância da prática. Pouco mais de um século depois, nota-se que ainda há cidadãos brasileiros que se recusam a se imunizar; entretanto, atualmente, esse comportamento não se deve à falta de conhecimento a respeito da eficácia da vacina, e sim a uma cultura negacionista que vem se sedimentando ao longo dos anos e à falsa percepção da população de que certas enfermidades estão controladas.
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