Comentários ao tema de redação do TRF5: construções marginalizadas na cultura brasileira

Em 1922, a Semana de Arte Moderna foi um marco da cultura nacional ao colocar em evidência a potência das diversas manifestações brasileiras. Mais de um século depois, contudo, ainda não há o devido reconhecimento das múltiplas faces da identidade do país, seja por causa do preconceito contra certos grupos, seja por causa do acesso a um escopo restrito de produções artísticas.

                De fato, ao longo da história do Brasil, vertentes essenciais da cultura foram desvalorizadas. A esse respeito, o antropólogo Darcy Ribeiro afirma que, embora a nação tenha sido formada pelas matrizes africana, indígena e portuguesa, a elite fez esforços para valorizar somente a última. Com isso, manifestações como a capoeira, nascida entre os afrobrasileiros, e a Dança da Ema, tradicional festa do povo Terena, foram descredibilizadas e colocadas à margem.

                Por outro lado, o acesso da população à cultura é frequentemente mediado pelos meios de comunicação, os quais destacam apenas o que consideram lucrativo. Isso se deve à chamada “Indústria Cultural”, conceito formulado pelos pensadores Adorno e Horkheimer que se refere ao processo de massificação e homogeneização da arte, transformada em objeto de consumo. Como consequência, as tradições populares, a exemplo do folclore, se tornam desvalorizadas pelos brasileiros.

                Portanto, as diversas faces do patrimônio imaterial nacional devem ser resgatadas, em contraste com a marginalização efetivada pela história excludente do país e pela valorização dos produtos culturais de massa. Para isso, escolas e mídia devem dedicar espaço às manifestações de grupos étnicos que sofreram apagamento e das camadas populares. Assim, o espírito da Semana de 1922 será, enfim, valorizado.

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