Hoje, dia 04/05/25, foi realizado o concurso do MPU, certame organizado pela banca FGV.
A banca cobrou os seguintes temas de redação:
Cargos de analista: As conquistas espaciais são um bom investimentos, ou não? Que ganho poderiam ter com elas?
Cargos de técnico?
O Mago da Redação preparou um vídeo comentando esses temas e fez modelos de redação no capricho para vocês 😉
Observação: os modelos de redação são possibilidades, isto é, existem vários outros caminhos possíveis.
Comentários aos temas de redação do MPU
Modelo de Redação sobre Investimentos Espaciais - cargo de analista
De acordo com o historiador Yuval Harari, a humanidade é capaz de desenvolver tecnologias e habilidades extraordinárias; porém, convive com o potencial dessa espécie a persistência de problemas globais. Nesse sentido, é preciso refletir sobre esse paradoxo com relação às viagens espaciais, que são um investimento importante para o futuro da humanidade, mas atrasam a priorização dos problemas do presente.
De fato, para alcançar êxito em empreitadas espaciais, é necessário grande investimento financeiro e muito trabalho humano. Os ganhos resultantes do sucesso são muito significativos, tanto para a nação que protagoniza o feito quanto para a sociedade como um todo. Afinal, o país que se tornar capaz de explorar territórios extraterrenos terá primazia sobre os eventuais proventos dessa exploração. Além disso, a humanidade terá acesso a recursos diversos e a possibilidade de novas pesquisas e desenvolvimento científico.
Contudo, enquanto empresas e governos miram para além do nosso planeta, a Terra lida com problemas milenares. A fome e as guerras ainda matam milhões em todo o mundo, bem como doenças para as quais já existem prevenção e tratamento. Por isso, conforme defendia Milton Santos, é preciso usar o conjunto de tecnologias e oportunidades da atualidade em favor de uma outra globalização, que coloque em primeiro lugar os desafios humanitários do globo, com o objetivo de garantir desenvolvimento sustentável e equânime.
Portanto, resta claro que as conquistas extraterrenas estão no horizonte da espécie humana, podendo trazer benefícios coletivos. Porém, antes de empregar vultosos recursos para essa empreitada, endereçar os desafios mais urgentes visando à paz e a dignidade humana deveria ser a prioridade do mundo globalizado.
Modelo de Redação sobre as incertezas do futuro - cargo de técnico - versão 1
O filósofo polonês Zygmunt Bauman se notabilizou pela sua análise da contemporaneidade, um período marcado por incertezas e pela efemeridade. Nesse sentido, a “modernidade líquida” tem suas características agravadas por angústias coletivas, como o iminente colapso climático e a disrupção tecnológica causada pela inteligência artificial (IA).
Em primeiro plano, há um sentimento de desesperança em relação às mudanças climáticas. Afinal, as metas estabelecidas no Acordo de Paris, em 2015, estão muito distantes de seu cumprimento. Com isso, emerge o sentimento de “ansiedade climática”, angústia persistente em relação às consequências das ações antrópicas. Nesse cenário de incerteza, escolhas de longo prazo, como mudar de carreira ou ter filhos, são desfavorecidas.
Ademais, a grande velocidade com que tem se desenvolvido a IA e outras tecnologias do mesmo ecossistema é também um fator de preocupação. Segundo Yuval Harari, a tendência é que o ser humano tenha que se acostumar a mudar significativamente a forma como trabalha diversas vezes na vida para se manter relevante ao mercado, pois transições tecnológicas de larga extensão ocorrem com cada vez menor distância temporal entre si.
Desse modo, as incertezas em relação às mudanças climáticas e ao papel da inteligência artificial reforçam a sensação de liquidez da modernidade, conforme Bauman. Por isso, escolhas de longo prazo, como constituir família ou assumir uma função profissional, são preteridas.
Modelo de Redação sobre as incertezas do futuro - cargo de técnico - versão 2
O filósofo polonês Zygmunt Bauman se
notabilizou pela sua análise da contemporaneidade, um período marcado por
incertezas e pela efemeridade. Nesse sentido, a “modernidade líquida” se
manifesta nas mudanças e hesitações da sociedade em relação às escolhas de
longo prazo nos planos do trabalho e do planejamento familiar.
De fato, o desejo por mudanças na
posição laboral, como promoções ou o empreendedorismo, é reduzido em
decorrência das incertezas em relação ao futuro. Sob tal prisma, o filósofo
Byung-Chul Han destaca que o mundo do trabalho vive sob a “ética do desempenho”,
de modo que as pessoas são julgadas pela sua capacidade produtiva e levadas à
exaustão pelas cobranças. Desse modo, assumir o risco de ocupar funções ainda
mais exaurientes desmotiva mudanças.
Além disso, o crescente número de
pessoas que não pretendem ter filhos é amparado pela angústia em relação ao
mundo em que viverá a próxima geração. Afinal, o mundo tem mais de três mil
bilionários, segundo a revista Forbes, ao mesmo tempo em que ainda há mazelas
sociais como fome e miséria. Desse modo, o aumento da desigualdade gera
incertezas que desestimulam a decisão de ter filhos.
Portanto, a “liquidez” do futuro coloca
dúvidas e hesitações em relação a mudanças de longo prazo. Esse cenário de
incertezas afeta decisões fundamentais, como as relacionadas a construir uma
carreira ou constituir família.