Modelo de Redação
Tema: Cultura de Massa
Prova de técnico do TJBA
Autoria: Prof. Waldyr Imbroisi
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Introdução
O artista Dorival Caymmi considerava que seu trabalho não era direcionado a “cortejar as massas”, mas sim a agradar o povo. Essa afirmação resume uma tensão na relação entre indivíduo e sociedade: enquanto o sujeito luta por se configurar como ser autônomo e livre, o meio demanda adequação de cada um ao pensamento daqueles que o rodeiam. Tal questão se manifesta não apenas na produção artística, mas também na vida pessoal, tornando vital a reflexão a respeito dos limites entre agradar os semelhantes e pautar a vida na necessidade de ser validado por todos.
Argumento I
De início, a produção artística é um setor privilegiado para essa discussão, uma vez que os profissionais de campos estéticos dependem da formação de um público que se compraz com suas produções e tenham interesse em consumi-las. Porém, essa premissa é hipertrofiada por movimentos observados na arte contemporânea que visam à homogeneização do público e dos gostos como forma de vender mais e ampliar o lucro – processo que foi denominado pelos intelectuais Adorno e Horkheimer de “Indústria Cultural”, em que os bens culturais passam a ser produzidos visando à massificação cultural. Nesse caso, os artistas se tornam apenas “cortejadores de massas”.
Argumento 2
Para além da produção artística, a necessidade de ser acolhido é um imperativo na vida social. Nesse sentido, Sigmund Freud, afirma na obra “Psicologia das Massas e Análise do Eu” que o ser humano tem a necessidade psíquica de viver em sociedade e, para efetivar esse processo, abre mão de parte da personalidade para assumir ideias e comportamentos dos seus semelhantes. Porém, isso não significa a negação completa da subjetividade pessoal em virtude da coletividade, dado que esse movimento corresponderia ao apagamento do sujeito e da sua identidade – cenário analisado pelo filósofo Friedrich Nietzsche, que cunhou o termo “Moral de Rebanho” para descrever indivíduos submissos a seus pares e irreflexivos em relação aos valores da sociedade, acatando tudo em cortejo aos demais e renunciando à liberdade de construir o próprio destino e um código moral pessoal.
Conclusão
Portanto, a reflexão de Caymmi demonstra uma escolha pelo equilíbrio que deve ser assumido, quer na arte, quer na vida cotidiana, para que seja possível dedicar parcela da existência ao julgamento alheio sem que ela seja dominada por completo por demandas externas ao indivíduo. Assim, será possível respeitar o outro e se integrar à sociedade sem a necessidade de renunciar à própria subjetividade.