Modelo de Redação ENEM sobre Pedofilia na Internet

No ano de 2011, a ONU declarou o acesso à internet como um direito humano, por entender que a rede mundial de computadores, instrumento que conectou o globo e ampliou largamente o acesso à informação, é essencial para o pleno exercício da liberdade e da cidadania. Entretanto, a web não é utilizada apenas para fins positivos, sendo um espaço privilegiado para a expansão de uma prática sombria, a qual sempre aconteceu na sociedade, mas que, no mundo digital, se vê acobertada pelo anonimato: a pedofilia. Tendo isso em vista, é preciso ressaltar os graves danos causados por essa prática e a facilidade com que o aliciamento de menores vem ocorrendo nos meios virtuais.

Em princípio, sabe-se que o abuso sexual de menores causa traumas que podem acompanhar as vítimas por toda a vida. Quanto a isso, é relevante refletir a partir das pesquisas de Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, o qual afirma que as experiências ocorridas durante a infância do indivíduo são determinantes para a formação da personalidade. Nesse sentido, crianças que sofrem abuso sexual, frequentemente incapazes de compreender a natureza da agressão a que são submetidas, carregam essa memória ao longo da vida adulta, prejudicando sua saúde mental e seus relacionamentos.

Além disso, o ambiente virtual potencializa a consecução desse crime por causa da possibilidade de anonimato. Desse modo, pedófilos escondem sua identidade sob perfis “fakes”, muitas vezes de crianças, o que reforça perigosamente a ciberdesinibição. Tal conceito foi cunhado pelo psicólogo Daniel Goleman e se refere à tendência de perda das inibições sociais da pessoa quando ela se encontra em redes sociais, na medida em que se sente mais à vontade para agir e menos inclinada a despertar empatia pelo próximo. Isso posto, a atuação dos criminosos virtuais pode ser ainda mais insensível e, para os objetivos dos praticantes de abuso, eficaz do que em abordagens feitas presencialmente.

Portanto, para acabar com esse soturno e ignóbil crime, capaz de gerar traumas funestos, é fundamental impedir que o anonimato proteja os abusadores. Para isso, cabe à Polícia Federal realizar operações contra a pedofilia na internet, como a Luz na Infância, que já teve várias edições e prendeu centenas de pedófilos, por meio de trabalhos de inteligência, como rastreamento digital dos envolvidos com o crime, a fim de aplicar as sanções cabíveis aos abusadores e, com isso, proteger a infância do país. Dessa maneira, acabaremos com as vantagens dos criminosos sob o anonimato, utilizando a internet apenas para ampliação das nossas possibilidades, e não para a violência sexual infantil.