Modelo de Redação – Estilo FCC: A relação entre memória e identidade coletiva

Modelo de Redação 

Estilo FCC TRT18 Cargo de Analista

Autoria: Prof. Raphael Reis 

Título: A relação entre memória e identidade coletiva

A reprodução desta redação sem o consentimento do autor é terminantemente proibida 

Introdução

No ano de 2020, uma série de manifestações contra o racismo, organizadas sob o nome de “Black Lives Matter” (em português, “Vidas Negras Importam”), levou à derrubada e à depredação de monumentos que homenageavam figuras racistas em diversos países. Tal movimento levanta reflexões fundamentais sobre a relação entre memória e identidade coletiva, correspondendo a uma tentativa de dar voz a certos grupos na reescrita da história, a qual privilegiou a narrativa vencedora e apagou relatos das minorias. Contudo, a preservação das obras, desde que ressignificadas, poderia trazer benefícios a todos.

Parágrafo argumentativo I 

Em primeira análise, de acordo com o historiador Paul Ricoeur, a memória coletiva é formada pela coleta de testemunhos, documentos e narrativas do passado. Tais elementos se combinam para a construção de uma identidade comum, mas são frequentemente revisitados e ressignificados em virtude das mudanças que ocorrem na sociedade. Como exemplo, destaca-se o Monumento aos Bandeirantes em São Paulo, grupo homenageado no passado, mas, no presente, reconhecido como genocida e torturador de povos indígenas.

Parágrafo argumentativo II

Nesse sentido, as críticas às homenagens feitas a colonizadores e senhores de escravos atende à tentativa de dar voz às populações indígenas e africanas que compõem o país. Tais minorias, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, foram deslegitimadas na construção da história oficial, a qual se construiu sobre uma matriz etnocêntrica que preconizava o apagamento das culturas originárias e negras. Desse modo, o ímpeto crítico é uma justa tentativa de reparação histórica.

Parágrafo argumentativo III

Por outro lado, a depredação ou a destruição não possuem efeito na reconstrução da identidade nacional. Ao contrário, conforme propõe a historiadora Lilia Schwarcz, o melhor a se fazer nesses casos é uma mudança do significado desses monumentos, com a instalação de placas e informações sobre o evento ou personagem a que se referem. Assim, segue a estudiosa, reflete-se sobre o fato de que tal homenagem foi aceitável no passado e que, em algum momento, a sociedade repensou sua prática, pavimentando o caminho para a evolução da identidade nacional.

Conclusão

Portanto, pode-se concluir que a derrubada de monumentos foi um ato nascido do impulso de contestar uma narrativa incompleta sobre o passado, a qual não contemplava a ótica e a voz de grupos minoritários. Entretanto, é importante que se reflita sobre esse procedimento, pois um erro histórico ensina mais se exposto e explicado a todos do que se apagado e ignorado. 

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