A redação pronta desta semana também é de uma aluna do Mago da Redação! A Gabriela Quadros fez 95.50 no TRT 4 com esta produção aqui:
Introdução
Tradição e memória são elementos intrínsecos a qualquer sociedade e estão intimamente ligados ao modo que consumimos produtos culturais, que podem servir tanto como perpetuadores de um passado ou, ainda, vir a sufocá-lo. Assim, é preocupante a configuração dos meios de produção, propagação e conservação de produtos artísticos, bem como a massificação e instantaneidade da cultura.
Argumento I
Primeiramente, é preciso ressaltar o caráter massificado de grande parte do que consumimos. De acordo com o sociólogo Adorno, a Indústria Cultural que se desenvolve dentro do capitalismo é formada sob uma ótica de lucro e controle. Dessa forma, a cultura se torna um produto meramente mercadológico, sem que reste qualquer espaço para a tradição e a memória. Um exemplo deste fenômeno é a indústria cinematográfica, que embora mova bilhões de dólares anualmente, se baseia em uma repetição formulaica infindável. Enquanto isso, as cinematecas nacionais sofrem com o descaso governamental e a falta de interesse da população em revisitar e restaurar a memória de um cinema tão rico quanto o do Brasil. Esse problema é particularmente alarmante visto que uma vez perdidos, muitos desses registros podem nunca mais ser recuperados.
Argumento II
Ademais, a instantaneidade e o excesso de informação impedem que novas tradições e memórias sejam formadas. Ainda em se tratando de cinema, filmes de super-heróis chegam a lotar 90% das salas de grandes complexos, apenas para serem brevemente apreciados e logo em seguida esquecidos e substituídos pelo próximo longa cuja narrativa e estética seguem os mesmos moldes. Isso vai diretamente de encontro com o conceito de modernidade líquida proposto por Zygmunt Bauman, em que tudo é instantâneo, transitório e incerto. Assim, não há espaço para revisitar tradições e memórias do passado, nem criar novas, já que grande parte das manifestações culturais são descartadas tão rapidamente quanto são criadas e consumidas.
Conclusão
Portanto, a preservação da tradição e da memória tem ligação profunda com a maneira que produzimos e consumimos cultura. Cabe ao Estado prover meios para que o passado seja devidamente conservado, e, ainda, fomentar a diversidade nos espaços culturais, garantindo um combate ao monopólio mercadológico. Dessa maneira, garante-se também a possibilidade da criação de novas e significativas memórias e tradições, que reflitam o presente para a apreciação de nossos descendentes no futuro.
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