Proposta de Redação: o imperativo do mérito nas relações sociais
Vivemos em uma constante competição, que separa o mundo entre “ganhadores” e “perdedores”, esconde privilégios e vantagens e justifica o status quo por meio de ideias como “quem se esforça tudo pode” e “se você pode sonhar, você pode fazer”. O resultado concreto é um mundo que reforça a desigualdade social e, ao mesmo tempo, culpabiliza as pessoas, o que gera uma onda coletiva de raiva, frustração, populismo, polarização e descrença em relação ao governo e aos demais cidadãos. Michael Sandel, A Tirania do Mérito
Modelo de Redação sobre O Imperativo do Mérito
A ideologia do mérito é fundamentada na crença de que o esforço individual irá
determinar o fracasso ou o sucesso de uma pessoa na sociedade. Entretanto, a
igualdade de oportunidades é uma utopia, porque o acesso ao capital cultural
legítimo é desigual. Ademais, a busca pela produtividade pode gerar exaustão
crônica.
De início, cabe destacar que a meritocracia não leva em consideração os
obstáculos sociais. Nessa perspectiva, o sociólogo Pierre Bourdieu reflete que o
acesso desigual ao capital cultural legítimo é o responsável pelas mazelas sociais,
uma vez que o tempo livre para estudos, aprendizado de idiomas e viagens
influenciam decisivamente o sucesso profissional. Ou seja, essas oportunidades
são encontradas na classe média, a qual se beneficia do capital cultural.
Além disso, a pressão pelo sucesso profissional e pela produtividade excessiva
reforçam discursos que incentivam uma dedicação insalubre ao trabalho. A esse
respeito, o sociólogo Byung-Chul Han afirma que se vive na “sociedade do
cansaço”, em que o pretenso poder do mérito individual é utilizado para incentivar
as pessoas
