Redação pronta sobre Saneamento Básico no estilo ENEM

No livro “Quarto de Despejo”, a escritora Carolina Maria de Jesus narra a sua vida enquanto moradora da favela do Canindé, onde enfrentou diversas provações. Entre os problemas vividos, houve um surto de esquistossomose no local, em decorrência da falta de coleta e de tratamento do esgoto. Dentro dessa perspectiva, as dificuldades vividas pelos brasileiros sem acesso ao saneamento básico atualmente são semelhantes às de outrora, sendo um serviço que é pouco ofertado às populações mais pobres e cuja ausência denota o desrespeito à condição de cidadania dos indivíduos. 

Em primeira análise, diversas regiões do Brasil não possuem estrutura adequada para a coleta e o tratamento de esgoto. Sob essa ótica, as áreas periféricas são as mais carentes da prestação desse serviço, o que pode ser explicado pelas reflexões do geógrafo Milton Santos: segundo ele, a organização das cidades no modelo centro-periferia é feita para segregar os indivíduos pobres e ricos, de modo que a porção central do município recebe investimentos e oferta os direitos fundamentais, enquanto as zonas mais distantes da região central carecem da infraestrutura básica. Dessa forma, é fundamental ampliar os investimentos para a expansão do saneamento em áreas periféricas. 

Ademais, a falha do Estado em prover os equipamentos urbanos para coleta e tratamento do esgoto doméstico, bem como para correta canalização da água, avilta a condição de cidadania. Nesse sentido, de acordo com o sociólogo Thomas Marshall, considera-se cidadão aquele que goza efetivamente dos seus direitos previstos em lei, devendo, pois, ser prerrogativa dos brasileiros o acesso pleno ao saneamento básico. No entanto, uma vez que tal garantia não se observa na prática, ainda segundo o pensador, há grande parcela da população que pode ser considerada “subcidadã” por ter seus direitos negligenciados.  

Portanto, a fim de ampliar o acesso ao saneamento e, por conseguinte, à condição de cidadania, medidas devem ser tomadas. Então, o Governo Federal deve executar obras de ampliação da infraestrutura, por meio de aportes do setor privado, conforme esperado com a aprovação do Marco Legal do Saneamento em 2020, principalmente nas regiões periféricas, com o fito de garantir o direito à água tratada e à coleta de esgoto e, com isso, estender a cidadania a todos. Assim, será possível evitar situações como a vivida por Carolina Maria de Jesus.